terça-feira, 26 de julho de 2011

Intelecto e Inteligência: São a Mesma Coisa?





Eu já vi, li e ouvi espíritas confundirem intelecto com inteligência, como se fossem a mesma coisa, mas não são. E confundem principalmente, quando se fala no progresso intelectual, talvez para justificar a maior inteligência de uns sobre, outros como fator de maior (ou melhor) “espiritização”. Já vi espíritas dizerem que a inteligência precede a moral na evolução, apenas porque o Livro dos Espíritos fala, na questão 780, que o progresso moral decorre do progresso intelectual, mas que nem sempre o acompanha imediatamente.

Está aí evidenciada a confusão que muitos espíritas fazem entre intelecto e inteligência, mas se fossem a mesma coisa. Kardec (filólogo que era) não usaria as duas palavras como coisas distintas, pois ora ele fala em intelecto, ora fala em inteligência, mas como coisas distintas, pois se não fossem, por que Kardec não falou em “progresso da inteligência”? Tanto faria um termo quanto outro? Creio que não, já que o Codificador não era de usar termos indistintamente e nem disse que eram sinônimos e alem do mais, seria exigir de Kardec, um didatismo, que o povo europeu do século XIX, não necessitava, mas que nós brasileiros atuais precisamos, pois nos acostumamos a não ler, a não interpretar textos, a não procurar conhecer, nos acostumamos a não termos cultura (que é diferente de inteligência, que por sua vez é diferente de intelecto), enfim

Mas, vamos às evidencias, que podem ou não serem aceitas por voces.



O professor em filosofia, Paulo Faitanin, da UFF, explica que “Não raro se confunde intelecto com inteligência. Vejamos: o intelecto é uma faculdade, portanto um ato. O exercício deste ato é a inteligência. Por isso,denomina-se inteligente àquele que faz o uso desta faculdade.”

Paulo Faitanin diz que intelecto é uma faculdade, mas faculdade de que? Simples: faculdade de pensar, de emitir pensamentos. E, também o filósofo afirma que a inteligência é o exercício da faculdade de pensar, isto é, de aprender, conhecer e compreender. Quem já não leu a definição que inteligência é a capacidade de resolver problemas, ou seja, pelo pensamento treinado, exercitado continuamente? Em outras palavras ainda, a inteligência é desenvolvida pelo intelecto.

Deste ponto de vista, um analfabeto pode até não ter inteligência, mas não terá intelecto? Afinal, ele não emite pensamentos contínuos? Um analfabeto não seria um espírito encarnado e em sendo um espírito encarnado, ele não teria o atributo inerente a todos os espíritos que é a faculdade de pensar, ou seja, o intelecto?

Mesmo quanto a inteligência, temos que ter cuidado, pois afinal já se criou uma teoria de que há não inteligência, mas inteligências. Respondam rápido: Quem é (ou foi) mais inteligente: Einstein ou Pelé ?

Ambos. Einstein era inteligentíssimo no campo dele, a Física, mas era uma toupeira com a bola nos pés e Pelé era e é um gênio com a bola, mas como Físico (e também dando palpites no que não lhe compete), ele é uma lesma.


E os animais tem inteligência. Tem? Sim, tem. Na questão 593, Kardec pergunta:

- “Poder-se-á dizer que os animais só obram por instinto?”

E os espíritos respondem:

- “Ainda aí há um sistema. É verdade que na maioria dos animais domina o instinto. Mas, não vês que muitos obram denotando acentuada vontade? É que têm inteligência, porém limitada.”

Decerto, não podemos comparar o grau de capacidade de inteligência humana ao grau que os animais possuem, limitadas a evolução, que não da saltos, em cada espécie, mas que tem inteligência, os animais tem sim, mas ninguém achará uma linha sequer na codificação dizendo que os animais tem intelecto, pois a capacidade de formular pensamentos, esta é atributo apenas do espírito.

Quando no Livro dos Espíritos se diz que o progresso intelectual engendra o progresso moral, tornando compreensíveis o bem e o mal, quer APENAS dizer que, sem o desenvolvimento da capacidade de pensar, que só se atinge, como se deduz , atingindo a escala hominal , o homem não teria como conhecer o que é bem e o que que é mal. Não tem nada a ver com inteligência, como muitos poderão (e querem) pensar

Todo aquele que usa a inteligência, tem intelecto (ou seja, tem o atributo do pensamento), mas nem todo aquele que tem intelecto (e todos tem), usa necessariamente a inteligência.

Logo, pelo exposto, o intelecto e inteligência não são a mesma coisa.




2 comentários:

  1. Correto, Jorge.
    Grosso modo, intelecto é conceituado basicamente em filosofia de duas maneiras: 1) Como faculdade de pensar; 2) como uma atividade particular de pensar, entendido de três maneiras diferentes: intuitivo; operante e entendimento (inteligência ou intelecção).

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  2. Concordo que são diferentes.

    A meu ver intelecto seria uma capacidade, uma possibilidade, uma aptidão ou ‘aparelhagem’ que serve de instrumento para uma inteligência poder operar. Uma pedra e uma planta não têm intelecto, portanto não é possível algum princípio inteligente se ‘instalar’ ali para desenvolver alguma atividade, diferente dos animais e do homem, que possuem intelecto – mais ou menos desenvolvido – o que permite que algum tipo de inteligência, ainda que rudimentar, possa fazer uso.

    Por outro lado, inteligência seria o pensamento e raciocínio propriamente ditos, a vontade e ação catalizadoras das propriedades do intelecto. No caso de uma pessoa com deficiência mental, p.ex., ele não pode exercitar a inteligência pois seu intelecto não oferece condições para isso porque apresenta limitações. Ou seja, um problema físico reduziu uma capacidade (intelecto). Se se recupera esta capacidade, a inteligência poderá se desenvolver. Veja o físico Stephen Hawking, ele está acometido por uma doença degenerativa do cérebro que não afetou seu intelecto, sua possibilidade de pensar e utilizar sua inteligência.

    Pela minha lógica, o intelecto está para a matéria enquanto a inteligência está para o Espírito. Uma pessoa inteligente faz bom uso do seu intelecto. Uma pessoa não inteligente não aproveita seu intelecto.

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