domingo, 10 de junho de 2012

As Músicas "Espíritas"

rúsqcas "Espíritas"

Este é um tema não fácil de analisar a origem, por não haver nada escrito ou documentado sobre como surgiu a chamada música espírita em nosso meio, mas ao mesmo tempo é muito simples responder que não existem as tais musicas espíritas em nossa doutrina, embora no Movimento Espírita haja e muitas, algumas de gosto e qualidade duvidosos.

E o que quero dizer com gosto e qualidade duvidosos? Toda forma de arte, no caso a música, tem sempre uma mensagem. Uma música que fale de amor tem por função a mensagem do amor; a música que fale de rebeldia tem por função transmitir rebeldia; até mesmo uma música  instrumental tem uma função, ditada por ritmo e intensidade que deixam no ar a intençao que o autor deseja transmitir: assim reconhecemos se uma musica instrumental é de suspense, ou de terror ou de guerra, mas que mensagem pode ter a chamada música espirita? Deveria ser, naturalmente, uma mensagem que falasse, que transmistisse a doutrina espírita e seus princípios. Deveria, mas não é.

O que vemos, na verdade, é a música transmitindo mensagens de cunho evangelista, músicas calcadas em falar do que as religiões, no sentido de cultos falam. As mais antigas com linguagem católica (Quanta Luz, Alegria Cristã e Fim dos Tempos, entre outras) que pregam Jesus o tempo todo. Nada contra Jesus, mas sim contra a adoração ao personagem, quando na verdade, deveriamos estar "adorando" a mensagem conhecida como a dele, que é a mesma da doutrina espírita. E as musicas mais recentes são quase como cantigas de roda, feitas para entreter os jovens nos diversos encontros que promovem no Movimento ou em aberturas de reunioes de Juventude, sem nenhuma mensagem doutrinária (Lindo Amanhecer, Tempo de Regeneração e Cativar, entre outras), todas falando de paz e amor, como se estas qualidades por si sós fizessem um espírita. Além dessas musicas, antigas e recentes serem cantadas, quase como uma obrigação inarredável, como um ritual que sabemos nao existir na doutrina, como não existe nenhum ritual na doutrina.

Este tema não é facil também, por as pessoas não verem mal em se tocar, não verem problemas na chamada música espírita. Realmente, mal rigorosamente não há, mas bem há? Há algum bem em se cantar "Uma palavra tao linda, já quase esquecida, me fez recordar contendo 7 letrinhas e todas juntinhas se lê cativar/ Cativar é amar, é tambem carregar um pouquinho da dor que alguem tem que levar/ Cativou, disse alguém, laços fortes criou; responsável tu és pelo que cativou/ No deserto tão só, entre homens de bem, vou tentar cativar, viver perto de alguem".

Essa música se chama Cativar. "Profunda" não, para não dizer o contrário? Alguém me diga, que mensagem doutrinária essa música transmite? Parece mais uma música infantil. Que bem essa música transmite numa preparação para a prece, por exemplo, quando o que se pede é seriedade e recolhimento, segundo o proprio Kardec?

Como já dizia o Livro dos Espiritos, não basta não fazer o mal, mas é preciso fazer todo o bem no limite de suas forças pois responder-se-á por todo o mal que haja resultado por não havermos praticado o bem. E praticar o bem requer objetividade e não basta não praticar o mal, pois não praticar o mal, já é dever moral natural.

As musicas espiritas mais antigas tiveram sua genese nos hinarios catolicos. Inclusive esse - hinarios - é o nome usado até hoje e os primeiros compositores espiritas foram oriundos da igreja católica ou evangelica, como a autora de QUANTA LUZ, Cenyra Pinto, católica nascida no inicio do seculo 20 e o autor de ALEGRIA CRISTÃ, Leopoldo Machado, ex-pastor protestante, nascido no final do seculo 19.

Sabemos que a música universal se divide em duas grandes correntes: a popular e a sacra. Com o tempo se subdividiu , a popular ganhou a musica classica, a musica chamada erudita; a musica foclorica, a musica popular propriamente dita e a musica sacra, inicialmente a catolica, ganhou outras como a gospel, pode-se dizer assim embora alguns considerem a gospel religiosa e não sacra, a nosso ver isso nao importa.

Mas, alguns teimam em dizer que a musica espirita existe. Existe como? Pode existir como uma invenção do Movimento Espirita. Por que popular não é. Religião o espiritismo não é no sentido de culto, logo sacra ou religiosa também não é. Qualquer leigo reconhece uma melodia gospel pela letra e melodia como gospel assim que a ouve, pois há um contexto que permite que assim seja reconhecida (Tempo de Vencer e Conquistando  o Impossivel, entre outros), mas um leigo saberia so de ouvir uma musica como espírita, reconheceria e diria: "Essa música é espirita. Conheço pela letra e melodia"? Se voce acha que sim, volte e me diga: voce diria que Cativar é musica espírita? reconheceria como tal, so de ler a letra? Eu não. 

Até por ser um ritual perfeitamente dispensavel, mesmo que a letra fosse um texto de Kardec.



2 comentários:

  1. Para piorar, ainda há o uso de músicas comuns como supostamente associadas a temáticas espirituais: "Pai", de Fábio Jr., "Amor Maior", do Jota Quest, "Como uma onda", de Lulu Santos, entre outras, que, independente ou não da qualidade musical, soam como exagero a associação de suas letras a temáticas espíritas.

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  2. Não conheço a música Cativar, mas poderíamos, eventualmente, taxar de espírita a música que nos convida e ensina sobre a visão espírita das coisas? Veja que o trecho que transcreveu nos remete à solidariedade “é tambem carregar um pouquinho da dor que alguem tem que levar” “vou tentar cativar, viver perto de alguem". É uma abordagem diferente das músicas religiosas que ouvi, onde sempre há aquela adoração e auto-rebaixamento, também frases de gratidão pelas bênçãos recebidas, pelo sacrifício de Jesus por nós e pela alegria de pertencer ao povo escolhido.

    Por outro lado, parece-me que os espíritas estão criando um conceito próprio das coisas: música espírita, pedagogia espírita, filme espírita... não vemos música católica, pedagogia luterana, filme batista... LENTAMENTE ESTAMOS CAMINHANDO PARA UMA SEGREGAÇÃO, CRIANDO CONCEITOS PRÓPRIOS PARA NOS DIFERENCIAR DOS DEMAIS. QUALQUER SEMELHANÇA COM O POVO ESCOLHIDO, É MERA COINCIDÊNCIA.

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