sábado, 14 de julho de 2012

O Que é Ser Espírita?




Se consultarmos o dicionário ele nos indicará tratar-se de pessoa vinculada ao Espiritismo. Se perguntarmos a quem não é espírita, uns ironizam (dizendo por exemplo que os espíritas "mexem" com os mortos), outros temem, outros permanecem indiferentes. Se indagarmos aos próprios espíritas, uns dirão que é ir ao Centro, tomar passe, ouvir ou fazer palestras, ler livros. Outros dirão que é fazer caridade. As respostas serão várias, mas todas incompletas.

Ser Espírita vai muito além de freqüentar núcleos Espíritas, tomar passes, ler romances, crer em reencarnação, etc.

Somente pode-se dizer Espírita aquele que:

1. estudou e analisou a fundo a doutrina, até chegar à certeza plena de sua autenticidade.

2. descobriu as leis que o regem. (antes de se conhecerem as leis, o fenômeno está no domínio do maravilhoso e do sobrenatural; descobertas as leis, passa a ser um fato natural).

3. utiliza os conhecimentos para proceder ao seu aperfeiçoamento moral, visando sua evolução. Como disse Kardec: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.

O primeiro passo - e sem ele ninguém pode ser Espírita - é estudar (não apenas ler), a obra base da doutrina, composta por 7 livros:

1857 - O Livro dos Espíritos
1859 - O Que é o Espiritismo
1861 - O Livro dos Médiuns
1864 - O Evangelho segundo o Espiritismo
1865 - O Céu e o Inferno
1868 - A Gênese
1890 - Obras Póstumas

E também é recomendável que leiam os 12 volumes de A Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, criado por Kardec e publicado pela Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de 1858 a 1868.

O melhor então é buscarmos a resposta nos livros da própria Codificação, a partir de O Livro dos Espíritos.

Em O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o Codificador apresenta uma classificação dos adeptos:
  1. Os que acreditam;
  2. Os que acreditam e admiram a moral espírita; e
  3. Os que crêem, admiram e praticam. Segundo Kardec, esses últimos são os verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos.

Kardec tinha distinguido, posteriormente em O Livro dos Mediuns, quatro classes de espíritas:

1ª Aqueles que se limitam às manifestações; nós os chamaremos de Espíritas experimentadores.

2ª Aqueles que não vêem outra coisa senão os fatos; não compreendem a parte filosófica; admitem a moral que deles depreendem, mas não a praticam; Estes são os Espíritas imperfeitos.

3ª Aqueles que não se contentam em admirar a moral espírita, mas que a praticam e aceitam suas conseqüências. Estes são os verdadeiros Espíritas.

4ª Há enfim os Espíritas exaltados. O exagero em tudo é prejudicial; no Espiritismo, produz uma confiança cega e freqüentemente pueril nas coisas do mundo espiritual e faz aceitar muito facilmente e sem controle aquilo que, pela reflexão e pelo exame, teria demonstrado a sua absurdidade ou impossibilidade. Esta sorte de adeptos é mais prejudicial que útil à causa do Espiritismo.

No livro O Céu e o Inferno, que apresenta coletânea de inúmeras comunicações de espíritos nas mais diversas condições, há uma manifestação interessante de espírito que se encontra classificado como Espírito feliz, fruto de uma conduta digna quando na Terra. Trata-se do espírito identificado pelo nome de Jean Reynaud. Indagado se na vida física ele professava o Espiritismo, respondeu: "Há uma grande diferença entre professar e praticar. Muita gente professa uma Doutrina, mas não pratica. Pois bem, eu praticava e não professava."

Professar significa reconhecer publicamente, declarar-se adepto, dizer de si mesmo, fazer propaganda da idéia. Pois bem, aí está a chave da questão. A situação de felicidade do Espírito devia-se à vivência dos princípios do Espiritismo, mesmo sem conhecê-lo.

Breve consulta ao capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo no item O Homem de Bem e Os bons espíritas, faz compreender que as características coincidem com os preceitos morais que justificam a denominação de espíritas cristãos, conforme definição do próprio Codificador, pois aí surge a figura do espírita praticante.

A questão pode ser fechada com trecho do Espírito Simeão, constante do capítulo X - do mesmo livro citado no parágrafo anterior -, item 14. No último parágrafo, diz o Espírito: "(...) Se vós vos dizeis espíritas, sede-o pois; olvidai o mal que se vos pôde fazer e não penseis senão uma coisa: o bem que podeis realizar. (...)".

Ora, o trecho transcrito bem indica o programa de vivência espírita. Para colocá-lo em prática, há que se esforçar para vencer as más tendências e ainda ocupar-se de fazer o bem. Eis o que é verdadeiramente ser espírita: a adoção dos preceitos morais como diretrizes da própria conduta ou o esforço para a eles se adaptar. O ser espírita é mais uma questão de foro íntimo, que de aparências externas.

Resumindo: “O verdadeiro espírita não é o que crê nas comunicações, mas o que procura aproveitar os ensinamentos dos Espíritos. De nada adianta crer, se sua crença não o faz dar sequer um passo na senda do progresso, e não o torna melhor para o próximo”.  (ALLAN KARDEC).

Nenhum comentário:

Postar um comentário