domingo, 22 de julho de 2012

O Palavrão



O texto abaixo é adaptado dos artigos de Moura Rego no site Forum Espírita.





Muitos são os espíritas que dizem que as palavras tem poder, vibração, que impelem a isso ou aquilo. Isso não é verdade, pelo menos não nessa explicação restrita. E isso é visto quando um personagem televisivo de O Bem Amado, Odorico Paraguassu, afirma que “palavras são palavras, nada mais do que palavras”, no que estava absolutamente correto, pois as palavras são absolutamente o que são, apenas palavras, sem poder algum, sem vibração alguma; não tem peso maior ou menor.

E isso é demonstrado em diversas páginas de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando afirmam que “Deus julga mais pela intenção que pelo ato sem si mesmo”. Então por que que  se diz tanto que as palavras podem fazer mal ou bem? Porque assim que o é, mas não pela palavra em si, mas pela intenção que orienta o pensamento que faz com que certas palavras, dentro de um contexto específico, sejam ditas.

Vou lhes dar dois pequenos exemplos das palavras e de como elas podem ser ditas, na má ou boa intenção:
1.     
      Falo apenas a frase, “a jamanta estacionou”, numa situação em que se está num posto, e se vê encostar um caminhão ou mesmo um ônibus. Qual o mal que possa conter essa assertiva? Nenhum, não é mesmo?

Agora mudando de situação, vemos uma mulher extremamente gorda, encostar-se num balcão qualquer, de farmácia, de bar, ou de uma repartição pública, por exemplo. Ai, alguém diz a mesma frase de antes "a jamanta estacionou".  Haverá, ali um posto? ou mesmo um caminhão? O que aquela pessoa quis atribuir à palavra "jamanta", foi um sentido pejorativo, ou seja, uma adjetivação nociva.

Está claro que dita nesse contexto, a frase "a jamanta estacionou" trás a intenção de diminuir, adjetivar malevolamente, colocar em posição vexatória a mulher gorda, que com certeza, pelo extremo peso, nos da conta de estar acometida de obesidade mórbida, que é uma doença grave que leva à morte. É a intenção que patrocinou o pensamento na frase que está viciada, de maldade, falta de amor ao próximo, de insignificância Espiritual, não a frase em si ou mesmo o vocábulo "jamanta"

Todavia vemos freqüentemente em palestras o ensino errado perante a lei de Justiça, Amor e Caridade, ser ministrado pasmem, numa casa espírita ou mesmo em auditórios, por palestrantes que se dizem Espíritas. Há maldade neles? Não, apenas ignorância doutrinária; apenas mau entendimento da língua que usam para falar.

Cada palavra em si pode ter uma fieira de significados que se lhes apõem os que as dizem, segundo a intenção com que queiram urdir o comentário que fazem.

Tomemos por exemplo, em outro caso, a palavra "mina". O que é uma mina? No sentido mais empregado é o local de onde se extrai qualquer minério, não?

Pode ser também, segundo o caso, um artefato bélico de fim destrutivo ao homem.

Ora, ainda nesse exemplo, é a intenção que comandará a compreensão do vocábulo "mina", se o contexto da exposição ou da frase   tem como imagem um campo de guerra, o vocábulo "mina", estará indicando o artefato.

Se, noutro contexto, a idéia a ser passada é a de noticiar-se o caso dos mineiros do Chile, o vocábulo estará sob a intenção do locutor, de trazer o conteúdo dos acontecimentos que se acometeram sobre aqueles 36 mineiros chilenos e nada mais. Porém, há um outro exemplo, com o mesmo vocábulo, "mina", que não se pode deixar passar pois vai demonstra tento a intenção quanto o contexto e mais, o valor de uma língua, como a portuguesa, no campo da gíria, por exemplo. A banda tão conhecida e amada, até hoje reverenciada por seus fãs, "Mamonas Assassinas" Tinha uma canção, bem humorada, que trazia na letra a palavra "mina" não é mesmo?

Vale lembrar o logo o comecinho desta canção:"Mina, teus cabelos é da hora, teu corpão violão (...)"

Aqui temos o mesmo vocábulo utilizado nos dois exemplos anteriores, "mina", mas traduzindo uma idéia completamente diferente dos dois exemplos acima.

É que o letrista aproveitando-se do que chamamos gíria, usou do vocábulo "mina', coma intenção de chamamento a uma mulher, uma garota, pois "mina", na gíria brasileira, quer dizer garota, menina, tal com se ele tivesse usado "gatinha", por exemplo. E lembramos ainda, uma terceira acepção para o vocábulo “mina”: o das minas terrestres, tão combatidas pela Lady Di, pelas amputações causadas nos países onde haviam sido enterradas.

Há mal nos três últimos momentos de uso do vocábulo "mina"? Vocês decidem...

Intenção, hora e lugar meus amigos .

Eu digo por exemplo, sou um filho da mãe, querendo indicar minha progenitora, há mal nisso? Seria eu, por acaso filho de minha avó? Ou de minha tia?

Se por outro lado, eu uso da mesma frase, num momento em que estou chateado com minha mãe e exclamo, "sou um filho da mãe", ai sim haverá um contingente de maleivosia a acompanhar a frase dita., nesse momento de ira, uso das mesma frase atribuindo à expressão "filho da mãe" um forte contingente de intenção que explicará a expressão usada como pejorativa, ou seja coberta pelo ódio sentido, querendo mostrar minha progenitora como mulher vulgar etc. Nesse contexto há o mal falar, o resmungo, o murmúrio e sob o olhar da doutrina espírita o murmúrio, é um momento de menos valia passado pelo Espírito.

Portanto meus amigos, vamos prestar atenção, como ensina a doutrina, não à forma, mas ao conteúdo, ou seja ao contexto no qual estão inseridas as palavras.

Num show de humor, não há qualquer mal, em ouvir-se um palavrão, visto que este é apenas um ponto de atração que dá mais ou menos força à piada contada, apenas isso. O humorista Renato Aragão vive dizendo uma palavra que era até bem pouco tempo considerada palavrão: “porrada!”, o que para alguns é considerada normal dentro da moral social em que é dita. Como nas palavras encontradas no Velho Testamento, citando a prática sodomita, também não há mal no uso das expressões ali contidas, que mesmo não contendo a intenção de diminuir, querem por seu uso apontar para uma situação desconexa da moral daquele tempo.

E há palavras consideradas palavrões por uma cultura e são de uso corrente e normal por outra cultura. Por exemplo, no português falado em Portugal, “puto”, que seria considerado um palavrão pelo português falado no Brasil, quer dizer em terras portuguesas, tão somente garoto; jovem espertalhão; ou ainda catraio; miúdo, enquanto que no Brasil quer dizer o mesmo que dissoluto, devasso, corrompido.E o inverso se dá com a palavra "paneleiro", que se no Brasil quer dizer apenas armário onde se guardam panelas ou mais antigamente, homem que conserta ou vende panelas, em Portugal significa homossexual masculino.

Há hora, local e intenção. A cada hora, para cada local, a mesma palavra pode significar outra coisa,  para não falar sobre a intenção com que sejam ditas. Creio que tenha sido pelo óbvio motivo de que um palavrão ilude quem o fala com um uma aura de tenacidade, segurança, força mesmo, forjada já no nascedouro da manifestação assim veiculada.

A maioria das palavras chulas já se desvinculou do significado original...  No Brasil muito pouca gente hoje em dia sabe qual a exata origem de termos como "sacanagem" - virou sinônimo de "atitude traiçoeira", molecagem, brincadeira de mau gosto ou, voltando mais um pouco no tempo, "aleivosia”...

Outros termos também perderam muito de sua acidez se ditos de maneira geral. Nossa língua é uma das mais difíceis de ser bem falada e compreendida, tem, para uma palavra uma quantidade de sinônimos que não ocorre na língua inglesa, por exemplo.

Há momentos, lugares, e situações onde nem mesmo o emprego de um palavrão trás qualquer baixeza, má educação, ou mesmo um sentido chulo. Contudo, há de se preocupar com o todo, ou seja, se estamos num local público, haverá sempre alguém que não queira escutar um palavrão e este tem o seu direito assegurado.

Mas como tudo e em tudo há de ter o gosto do "freguês", imaginemos nossa vida sem a TV, sem o teatro, o cinema ou os livros, mesmo os de poesia moderna... quem não gosta ou quem acha ruim não deveria ligar seu televisor, nos canais abertos ou pior ainda nos a cabo, pois ali está eles a serem reverberados. Todos estes veículos da comunicação e da educação trazem palavrões.

Sobrariam então os canais religiosos de qualquer denominação, culto ou filosofia.

Quem vai a shows de humor de qualquer categoria teatral os ouve.

Se vão sabendo que eles lá existem das duas uma: Ou são permissivos ou hipócritas.

E dizem: “Meninos e meninas, cuidado com esse tipo de pensamentos.”

São eles retrógrados, bobos e muito, mas muito mesmo, preconceituosos, pois o palavrão, é uma palavra como outra qualquer, no ver da doutrina é a intenção que comanda o ato de dizer ou falar ou mesmo pensar, que faz a coisa ficar pesada, por isso  mesmo é o ditado popular, que dizer ser a voz do povo e se o é é, por outro ditado popular, "a voz de Deus", mesmo o ditado popular nos ensina mais uma vez: "Em cada cabeça uma sentença" ou mais, "sua cabeça é o seu mestre".

Logo, generalizar-se uma idéia que se sabe pueril e retrógrada, é o mesmo que se andar na contramão da história, do saber e da vida. É o mesmo que dizer que Espíritas são santos, iluminados, ou seres a parte num mundo de provas e expiações.

Hora e lugar, situação ou acontecimento... Vocês não dizem "graças a Deus", quando dão uma topada com o joanete dolorido ou com o calo de estimação, dizem?

Também não rendem aleluias quando dão uma martelada no dedo, dão? Palavras por serem apenas isso não contêm como alguns explicam e erradamente, vibração alguma, é mesmo como aquele dinheirinho ganho de um número acertado no jogo do bicho. Dinheiro não fica sujo senão quando cai numa poça de lama ou quando é prática de suborno. O que você faz como dinheiro que ganhou num jogo é o que você tem como correto fazer,  vai da sua moralização. Sendo assim se pode afirmar sem medo de erro que o palavrão sem dito sem intenção de ataque, acicate, injuria ou xingamento a outrem nada tem a mais do que a palavra, por exemplo, jamanta.

O que há e em demasia é o falso moralismo, uma atitude reprochada pela doutrina, há ainda a hipocrisia, uma atitude das mais criticadas e combatidas por Jesus.

O que imanta o pensamento é a intenção com que o pensamento é urdido, só isso. A palavra não tem qualquer poder senão quando movida por uma intenção se esta é boa, ótimo, é uma causa que gerará um efeito benéfico, se, por outra, o pensamento é impulsionado por uma má intenção surtirá, logicamente um efeito negativo, só isso. A doutrina e não eu é, quem ensina assim. Sigamos a doutrina.



Que ninguém ache que fazemos apologia dos palavrões. Apenas vemos que determinados termos se incorporaram ao idioma e se tornaram normais dentro da moral social de uma época. Hora e lugar meus amigos, sem intenção malévola, esta a questão.


sábado, 14 de julho de 2012

O Que é Ser Espírita?




Se consultarmos o dicionário ele nos indicará tratar-se de pessoa vinculada ao Espiritismo. Se perguntarmos a quem não é espírita, uns ironizam (dizendo por exemplo que os espíritas "mexem" com os mortos), outros temem, outros permanecem indiferentes. Se indagarmos aos próprios espíritas, uns dirão que é ir ao Centro, tomar passe, ouvir ou fazer palestras, ler livros. Outros dirão que é fazer caridade. As respostas serão várias, mas todas incompletas.

Ser Espírita vai muito além de freqüentar núcleos Espíritas, tomar passes, ler romances, crer em reencarnação, etc.

Somente pode-se dizer Espírita aquele que:

1. estudou e analisou a fundo a doutrina, até chegar à certeza plena de sua autenticidade.

2. descobriu as leis que o regem. (antes de se conhecerem as leis, o fenômeno está no domínio do maravilhoso e do sobrenatural; descobertas as leis, passa a ser um fato natural).

3. utiliza os conhecimentos para proceder ao seu aperfeiçoamento moral, visando sua evolução. Como disse Kardec: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.

O primeiro passo - e sem ele ninguém pode ser Espírita - é estudar (não apenas ler), a obra base da doutrina, composta por 7 livros:

1857 - O Livro dos Espíritos
1859 - O Que é o Espiritismo
1861 - O Livro dos Médiuns
1864 - O Evangelho segundo o Espiritismo
1865 - O Céu e o Inferno
1868 - A Gênese
1890 - Obras Póstumas

E também é recomendável que leiam os 12 volumes de A Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, criado por Kardec e publicado pela Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de 1858 a 1868.

O melhor então é buscarmos a resposta nos livros da própria Codificação, a partir de O Livro dos Espíritos.

Em O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o Codificador apresenta uma classificação dos adeptos:
  1. Os que acreditam;
  2. Os que acreditam e admiram a moral espírita; e
  3. Os que crêem, admiram e praticam. Segundo Kardec, esses últimos são os verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos.

Kardec tinha distinguido, posteriormente em O Livro dos Mediuns, quatro classes de espíritas:

1ª Aqueles que se limitam às manifestações; nós os chamaremos de Espíritas experimentadores.

2ª Aqueles que não vêem outra coisa senão os fatos; não compreendem a parte filosófica; admitem a moral que deles depreendem, mas não a praticam; Estes são os Espíritas imperfeitos.

3ª Aqueles que não se contentam em admirar a moral espírita, mas que a praticam e aceitam suas conseqüências. Estes são os verdadeiros Espíritas.

4ª Há enfim os Espíritas exaltados. O exagero em tudo é prejudicial; no Espiritismo, produz uma confiança cega e freqüentemente pueril nas coisas do mundo espiritual e faz aceitar muito facilmente e sem controle aquilo que, pela reflexão e pelo exame, teria demonstrado a sua absurdidade ou impossibilidade. Esta sorte de adeptos é mais prejudicial que útil à causa do Espiritismo.

No livro O Céu e o Inferno, que apresenta coletânea de inúmeras comunicações de espíritos nas mais diversas condições, há uma manifestação interessante de espírito que se encontra classificado como Espírito feliz, fruto de uma conduta digna quando na Terra. Trata-se do espírito identificado pelo nome de Jean Reynaud. Indagado se na vida física ele professava o Espiritismo, respondeu: "Há uma grande diferença entre professar e praticar. Muita gente professa uma Doutrina, mas não pratica. Pois bem, eu praticava e não professava."

Professar significa reconhecer publicamente, declarar-se adepto, dizer de si mesmo, fazer propaganda da idéia. Pois bem, aí está a chave da questão. A situação de felicidade do Espírito devia-se à vivência dos princípios do Espiritismo, mesmo sem conhecê-lo.

Breve consulta ao capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo no item O Homem de Bem e Os bons espíritas, faz compreender que as características coincidem com os preceitos morais que justificam a denominação de espíritas cristãos, conforme definição do próprio Codificador, pois aí surge a figura do espírita praticante.

A questão pode ser fechada com trecho do Espírito Simeão, constante do capítulo X - do mesmo livro citado no parágrafo anterior -, item 14. No último parágrafo, diz o Espírito: "(...) Se vós vos dizeis espíritas, sede-o pois; olvidai o mal que se vos pôde fazer e não penseis senão uma coisa: o bem que podeis realizar. (...)".

Ora, o trecho transcrito bem indica o programa de vivência espírita. Para colocá-lo em prática, há que se esforçar para vencer as más tendências e ainda ocupar-se de fazer o bem. Eis o que é verdadeiramente ser espírita: a adoção dos preceitos morais como diretrizes da própria conduta ou o esforço para a eles se adaptar. O ser espírita é mais uma questão de foro íntimo, que de aparências externas.

Resumindo: “O verdadeiro espírita não é o que crê nas comunicações, mas o que procura aproveitar os ensinamentos dos Espíritos. De nada adianta crer, se sua crença não o faz dar sequer um passo na senda do progresso, e não o torna melhor para o próximo”.  (ALLAN KARDEC).

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Interdisciplinaridade Do Espiritismo





Entendendo a  interdisciplinaridade como uma relação de reciprocidade, de mutualidade entre disciplinas diferentes e que pressupõe uma atitude diferente frente ao problema de conhecimento, ou seja, poderíamos dizer que o espiritismo é uma doutrina interdisciplinar, isto é, toca diversos outros ramos do conhecimento humano, de várias ciências, e mais, terá nela importante papel na desconstrução do habitual modo de pensar da sociedade, pois influirá sobremaneira, de forma geral, nestas mesmas áreas, quando o espiritismo for bem compreendido. Aliás, alguns dos pontos já prenunciados pelo espiritismo, já estão sendo praticados pela sociedade (ainda de forma imperfeita), mesmo sem a sociedade muitas vezes conhecer o que o espiritismo diz, é a força do progresso, também já dita pelo espiritismo.

O Livro dos Espíritos demonstra isso, no meu entender, ao tratar de diversos temas que adentram profundamente diversas áreas, por exemplo:

- Espiritismo e Direito;
• Questões 358; 359; 616; 683; 685; 760; 761, entre outras.

- Espiritismo e Psicologia/Psiquiatria;
• Questões 372-a; 374; 375; 376, entre outras.

- Espiritismo e Sociologia; 
• Questões 693; 693-a; 695; 696; 697; 775; 888; 888-a, entre outras.

- Espiritismo e Ciências Naturais;
• Questões 19; 20; 30; 31; 34; 35; 36; 585; 587; 594; 596, entre outras.

- E outras

            “O Espiritismo, marchando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar errado sobre um ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade for revelada, ele a aceitará” (Kardec, 1868). Temos aqui, nesse trecho da codificação, a exposição por Allan Kardec de um dos principais aspectos do Espiritismo, que o diferencia das outras disciplinas que estudam o sentimento religioso, a noção de espiritualidade e Deus: a sua estrutura científica de base.

            Esse aspecto ao mesmo tempo em que é uma virtude do Espiritismo, lhe atrai uma responsabilidade e um desafio:

(1º) Como conciliar a necessidade de manter a integridade doutrinária do conhecimento Espírita, e ao mesmo tempo promover o seu progresso com a produção de novos conhecimentos, pesquisas e conceitos?

(2º) Como permitir a comunicação interdisciplinar do saber Espírita com as outras áreas de conhecimento científico, sem abdicar de sua “pureza doutrinária”?

(3º) Por fim, como possibilitar a comunicação dialética entre o Espiritismo e as religiões, uma vez que o campo estrutural de conhecimento Espírita foi criado de forma a abrir espaço a essa possibilidade?

Uma advertência implícita a esses questionamentos é o cuidado que devemos ter em não transformarmos o conceito e o objetivo de manter a “pureza doutrinária”, em um discurso ideológico e dogmatizante que paralise o progresso da ciência espírita e acarrete o seu fechamento para o diálogo com outras áreas de sabedoria. É bastante comum que uma área de conhecimento científico se modifique ao longo do tempo sem, entretanto perder a identidade que o particulariza. Essa é uma característica estrutural do conhecimento científico, marcando a sua qualidade de evolução e progresso.

Para exemplificar, tomarei como ilustração outra ciência humana progressiva – a Psicanálise. Fundada por Sigmund Freud, a Psicanálise surgiu através do estudo dos aspectos desconhecidos do psiquismo humano. A Psicanálise estuda aquilo que existe de desconhecido em cada um de nós – o inconsciente – através da análise clínica de sonhos, verbalizações e outras produções psíquicas em ambiente psicoterapêutico. Freud fundou a Psicanálise no início do século XX. Seu livro sobre a “Interpretação dos Sonhos” foi publicado em 1900.

Mas, desde essa época até os dias atuais, a Psicanálise progrediu de forma a ultrapassar sobremaneira a contribuição genial de seu fundador. Acumulou novas descobertas, que confirmaram alguns dos postulados de Freud, e negaram ou refutaram outros. Revisões e transformações conceituais foram realizadas, e decisivamente, as contribuições freudianas foram cada vez mais valorizadas à medida que os psicanalistas desenvolveram a capacidade de raciocinarem por si mesmos, partindo de Freud, mas mantendo um pensamento independente dele, ou seja, não reduzindo as suas conclusões apenas àquilo que Freud pregava. Além disso, a psicanálise dialogou com muitas outras áreas de conhecimento – teologia, filosofia, filologia, biologia, sociologia, antropologia, etc – o que é algo comum à interdisciplinaridade científica. Quando isso acontece, alguns conceitos e idéias são inevitavelmente reformulados, sem que a área de conhecimento em questão precise deixar a sua consistência estrutural fundante. Assim, a ciência psicanalítica evoluiu sem deixar de ser Psicanálise. Parte originalmente da herança teórica deixada por Freud, mas não se limita a essa – ao contrário, transcende-a. Sendo o Espiritismo uma ciência, desafio semelhante se fixa à sua frente.

Os questionamentos levantados se justificam à medida que a Codificação foi escrita na segunda metade do século XIX, num linguajar apropriado para a época, mas que precisa ser revisado em função das novas descobertas e conceitos que se desenvolveram até os dias atuais. Porém tal revisão precisa estar fundamentada em bases críticas que mantenham a integridade da doutrina, possibilitando transformações e revisões conceituais progressivas ao corpo teórico do Espiritismo e não distorções pseudocientíficas alienadoras.

Assim, em que parâmetros podemos nos basear para promover o progresso da ciência Espírita, de forma a manter a sua Pureza Doutrinária? A resposta se encontra na análise histórica do próprio percurso evolutivo dessa ciência. Quando Kardec – orientado pelos Espíritos que são, aliás, os reais fundadores do Espiritismo – organizou a literatura existencialista da Codificação, balizado pela sua formação de pedagogo humanista e especialista em várias áreas de saber, em grande medida ele se encontrava em sintonia com o racionalismo iluminista e a filosofia positivista de meados do século XIX, que se expressa na ciência Espírita pela predileção de basear as suas conclusões experimentais em dados de observação empírica.

Mas, num certo sentido relativo, Kardec já se encontrava muito à frente de seu tempo. Para integrar ciência, filosofia e religião, Kardec precisou transcender o caráter positivista do seu conhecimento, adotando um discurso pedagógico dialético e sintetizador. À semelhança de filósofos como Hegel, apenas através de uma lógica dialética (num discurso que une tese e antítese, em uma síntese) Kardec poderia ter integrado noções aparentemente tão díspares como fé e razão, ou a compreensão dos mecanismos de interação entre espírito e matéria.

Abstrai-se da leitura kardecista o mesmo criticismo racional de Kant, e a construção do discurso analítico nos moldes de uma hermenêutica clínica, semelhante à que Freud fundaria como epistemologia científica na Psicanálise do século seguinte, baseada no método da consistência interna do raciocínio lógico empregado. Resultou daí, um discurso “totalizante” por parte de Kardec, semelhante ao dos pesquisadores modernos de orientação holística. Entretanto, essa metodologia científica não se encontrava formalizada na época de Kardec, ou seja, o Codificador já possuía um olhar científico clínico e holístico (portanto, sintetizador, amplo e global) numa época em que a ciência não se pautava por tal paradigma. Certamente, foi necessário a união de sua formação acadêmica rigorosa com a contribuição revolucionária dos Espíritos, para tal.

Essa estrutura global de produção de conhecimento permitiu simultaneamente que ao longo do tempo, a ciência Espírita muitas vezes se colocasse à frente da chamada “ciência oficial”, ao mesmo tempo que muitas descobertas da ciência e da filosofia caminhassem em direção à confirmação dos postulados Espíritas.

A contribuição mútua entre o Espiritismo e a Medicina, também foi responsável pela fundação da reconhecida Associação Brasileira de Médicos Espíritas, e suas regionais em cada estado do país. Instituições universitárias respeitáveis como a USP e a UNICAMP acabaram formando pesquisadores que são nomes importantes dentro do movimento Espírita, tais como Núbor Orlando Facure (neurologista e ex-professor da UNICAMP) e o mestre em Medicina Sérgio Felipe de Oliveira, que abriu espaço para o Espiritismo em ambiente universitário com o seu curso de Pós-graduação sobre Integração Cérebro-Mente-Corpo-Espírito, na própria USP. No campo da filosofia o mérito é de José Herculano Pires, como tradutor das obras de Kardec e pesquisador de parapsicologia. Outros nomes merecem ser citados como Hernani Guimarães Andrade (na Parapsicologia e Psicobiofísica, com seus estudos sobre o Modelo Organizador Biológico) e o psiquiatra Carlos Toledo Rizzini, que escreveu sobre Psicologia e Espiritismo.

Outro fator de destaque: pouco a pouco, começam a surgir teses de mestrado sobre o saber Espírita, em ambiente acadêmico universitário, legitimando a posição científica da Doutrina. Algumas dessas teses já alcançaram as bem-conceituadas Universidades Federais Públicas, e outras foram defendidas nas PUCs de diferentes regiões. Uma dessas teses deu origem a um livro recentemente lançado - “O Espírito em Terapia”  da psicóloga clínica Ercília Zilli, de quem os esforços são responsáveis pela fundação, coordenação e manutenção da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE), outra vitória importante para a divulgação da ciência Espírita. 

Todas esses pesquisadores estão contribuindo, pouco a pouco, para a construção da história da ciência Espírita no Brasil. Sem se limitarem literalmente aos escritos da Codificação, mas partindo dela, vêm promovendo um processo de evolução do conhecimento Espírita, aliando a liberdade de pensamento crítico com os ideais de “Pureza Doutrinária” tão apregoados pela comunidade Espírita. Trabalhos interdisciplinares entre o Espiritismo e as outras ciências foram surgindo, sem descaracterizar as especificidades de cada campo, sendo as revisões conceituais realizadas em um contexto livre do pensamento dogmatizante, mesmo porque a ciência não se forma sob um saber absolutista, mas sobre “verdades” relativas e provisórias.


Como ciência, o Espiritismo também desenvolveu uma tecnologia própria, inicialmente com os experimentos mediúnicos realizados por Kardec (tais como os que são encontrados no “Livro dos Médiuns”) e depois com as contribuições da Parapsicologia (Andrade, 1990). Essa evolução também teve conseqüências no aprimoramento dos vários tipos de serviços de orientação espiritual, constituindo uma aplicação prática acessível à população.

Por fim, um próximo passo do desafio evolutivo do conhecimento Espírita, será a articulação da sua cosmovisão esclarecedora com o conhecimento produzido por outras religiões e disciplinas espiritualistas. Filosoficamente, a estrutura dinâmica e dialética do Espiritismo também foi criada para possibilitar a comunicação e a transdisciplinaridade entre essas várias escolas de pensamento (vide a questão 628 de “O Livro dos Espíritos”), cabendo aos tempos futuros a concretização dessa possibilidade.
 .

sexta-feira, 6 de julho de 2012

CUIDADO: Algun$ “Médiun$ E$pírita$” E$pertalhõe$

Oda Mae Brown: Exemplo de Médium Espertalhona


Fraude significa burla, engano, logro, falsificação, adulteração, ação praticada de má-fé.

O fraudulento é aquele que faz planos enganando a outrem, fazendo parecer verdadeiro algo que é falso; é um impostor. Como a medium do filme Ghost, interpretada por Whoopi Goldberg era impostora e fraudulenta.

Nos trabalhos fraudulentos onde existem fenômenos que se dizem espíritas, médiuns despreparados burlam a boa-fé de alguns crentes, usando de falsidade.

Muitos médiuns, querendo chamar a atenção dos assistidos, provocam efeitos físicos ou intelectuais com o objetivo de explorar materialmente, obtendo vantagens pessoais.

Kardec em "O Livro dos Médiuns"- cap. XXVIII, item 314, comenta "Os que não admitem a realidade das manifestações físicas atribuem à fraude os efeitos produzidos".

"Existem prestidigitadores de prodigiosa habilidade." Atualmente em todos os tipos de mediunidade, encontramos aqueles que por falta de conhecimento, orgulho, vaidade ou ambição, se envolvem em fraudes. 

As fraudes podem ser classificadas em dois grupos:
1° FRAUDES CONSCIENTES: A responsabilidade é do médium, pois tem o conhecimento da fraude.
2° FRAUDES INCONSCIENTES: São enganos provocados e dirigidos por Espíritos obsessores, ou fascinadores, ou mesmo por encarnados que usufruem da vaidade ou ambição do médium que se deixa envolver por forças negativas, segundo sua sintonia, pois tudo é programado, planejado.

Os fraudulentos são médiuns espertalhões, que exploram a ignorância e a boa-fé dos consulentes, utilizando processos mágicos de prestidigitação e de ilüsionismo, lucrando materialmente com as formas de enganar.


Comumente as fraudes estão relacionadas aos fenômenos de efeitos físicos, tais como: transporte, materialização, transfiguração, mas também a efeitos intelectuais como psicofonia, psicografia, vidência, etc.

O conhecimento do Espiritismo é a melhor defesa contra a fraude. Participando das Escolas de Educação Mediúnica, o aluno é conscientizado acerca do processo dos fenômenos mediúnicos.

Em O Livro dos Médiuns, 2.a Parte, cap. XXVIII, item 316, lemos: "Em tudo, as pessoas mais facilmente enganáveis são as que não pertencem ao ofício. O mesmo se dá com o Espiritismo. As que não o conhecem se deixam facilmente iludir pelas aparências, ao passo que um prévio e atento estudo, não só das causas dos fenômenos, mas também das condições normais em que eles podem ser produzidos, as inicia no assunto e lhes fornece, assim, os meios de reconhecer a fraude, se ela existir".

Mas, por que as pessoas se deixam enganar por médiuns espertalhões e fraudulentos? Por trás da boa-fé dos consulentes há, primeiro o desconhecimento do processo mediúnico, que está relatado em O Livro dos Médiuns, mas que nem todos os auto-proclamados espíritas o lêem e também por não serem todos os que procuram, espíritas, mas curiosos. Segundo, por que o consulente vai como mosca rumo ao açucareiro, sem saber que o açúcar é falso, mas mesmo assim vai, movido por um interesse nem sempre nobre de uma aquisição fácil de alguma resposta ou de alguma vantagem no campo pessoal que supõe o médium possa lhe dar, além, é claro, do desconhecimento, mais uma vez.

Exemplos de ditos médiuns espíritas espertalhões não faltam nas grandes cidades, assim como não faltam aqueles que vão a procura deles, sempre movidos, como já dissemos, por alguma vantagem pessoal. Quem de nós, já não recebeu um papelzinho de um garoto ou garota propaganda nas ruas, onde estava escrito: “ESPÍRITA VIDENTE mãe fulana: Trago a pessoa amada de volta em 3 dias”.

E de cada 10 que pegam o papelzinho tem sempre 1 que vai na tal “espírita vidente” e ao chegar lá se depara com alguém vestido como uma cigana – nada a ver com espiritismo – e mesmo assim  não questiona, e a tal mãe fulana – geralmente o “fulana” é nome tirado de alguma entidade de candomblé, para impressionar – começa a falar as obviedades e também baboseiras disfarçadas de revelações espirituais para o consulente. E ele vai acreditando. É então que, quando está bem envolvido pela vidente, ela desfere o golpe: a consulta que estava anunciada como sendo de R$ 50 reais, por exemplo, com o “trabalho” que ela poderá fazer para o cliente, se ele se mostrar interessado e geralmente fica, sobe para mais de 10 vezes mais, no mínimo, pois “trazer a pessoa de volta em 3 dias” deve ser caro, pela taxa de urgência (sic).

Como se vê, esse exemplo, que ocorre de fato nas capitais, nada tem a ver com espiritismo, apesar da auto-intitulada médium não ser nem espírita e nem vidente, aliás não ter sequer a mediunidade chamada ostensiva, até por que se  tivesse, não precisaria perguntar ao consulente pelo nome dele, afinal que é saber um nome perto de ver o futuro e trazer de volta a pessoa amada de volta? São detalhes simples assim que as pessoas não enxergam ou não querem enxergar e caem.
Outro espertalhão foi um dos médiuns que recebiam o Dr. Fritz, que se chamava Rubens Farias Jr. Por consulta, dada no Curtume Carioca, no bairro da Penha, Rio de Janeiro - operações espirituais que dizia fazer, usando canivetes enferrujados - que podia demorar apenas trinta segundos, cada pessoa pagava R$ 20,00 (vinte Reais), além do aluguel de cadeiras para sentar-se na fila de espera (que se iniciava de madrugada e podia se estender até após a meia-noite) e de taxa de estacionamento dos carros. Rubens afirmara ainda que Rita – sua esposa na época - e seu irmão cobravam pelas cirurgias realizadas e faziam esquemas com as senhas distribuídas aos pacientes.
Em meio à disputa conjugal – o motivo seria o comportamento adultero de Rubens -  surgiram novas acusações, como a história da morte de pessoas atendidas por ele (como a da menina paulista Vanessa de Biafi, portadora de leucemia, a cujos pais Rubens teria dito para que a menina parasse de fazer o tratamento médico adequado no Hospital das Clínicas e que apenas participasse das cirurgias que ele fazia sendo que, após um ano de tratamento espiritual, a menina veio a falecer em agosto de 1998.
Em 2009, Rubens - foi condenado no Rio de Janeiro a pagar R$ 25 mil por danos morais ao serralheiro Guilherme Moreira, depois de uma cirurgia espiritual malsucedida ocorrida em novembro de 1996.
Pessoas de vários credos acorriam a procura das tais operações ou cirurgias espirituais, na esperança de cura.  As vezes, era um problema só psicológico do consulente e as incisões com o tal canivete eram apenas simuladas e pessoa acreditava que estava ocorrendo uma operação no “astra!” – nome esotérico que eles davam – pois não havia sangue, obviamente e tampouco dor com as tais “incisões”. Mas, as vezes, a coisa não dava certo para os mediun$ e os pacientes não se curavam – já que não era um problema psicológico, ou seja, estavam mesmo com problemas de saúde e necessitavam de MEDIcos e não de MÉDiuns, e até morriam, como a menina Vanessa de Biafi e mais tarde Joãosinho Trinta,Telê Santana e Cristopher Reeve, que não ficaram curados por ele, óbvio e morreram por seqüelas da doença que tinham.
Será que não percebem que não existe doença espiritual  pois espírito não fica doente? As doenças são todas orgânicas, físicas e tem uma causa física, no corpo, se é desconhecida pela ciência, é por que é rara e a medicina ainda não a conhecia, mas não há isso de operação ou cirurgia espiritual, senão Chico Xavier que acreditava em tudo não teria se recusado – é só ver o filme Chico Xavier que ta lá - a oferta de Zé Arigó – outro que dizia receber o Dr. Fritz - e preferiu ser internado e operado por médicos numa clínica na cidade de São Paulo. Chico era crédulo, mas não era bobo.
Outro médium, da lista de médiun$, é Roger Bottini, que se intitula “espírita universalista”, sendo que o próprio espiritismo é uma doutrina universalista, de caráter universal. Bottini está mais, como diz o Artur Felipe, para um místico antiespirítico e é fácil entender por que. Acompanhemos o pensamento de Artur Felipe Azevedo (que quem desejar é só procurar artigos dele no blog  http://espiritismoxramatisismo.blogspot.com.br/2011/03/misticismo-anticristico.html )
“Alguns partidários dessas teorias - confundindo a nova situação de liberdade do pensamento, partiram para a revivescência de mitos e crendices, em sua maioria advindos das priscas eras do paganismo, na tentativa de conduzir à ausência de dogmatismos ou estruturas religiosas padronizadas, -  a qual podemos chamar de "neopagãos", nos tempos modernos, acreditam ter encontrado, surpreendentemente, no Espiritismo, a confirmação de suas crenças. Utilizando-se de alguns postulados espíritas, como a comunicabilidade dos espíritos e a reencarnação, passam tais indivíduos a transmitirem informações e a escreverem obras que acabam por cair no gosto de alguns "espíritas", obviamente ainda pouco versados na Doutrina, ou seja, que pouco ou nada estudaram (e entenderam) da Codificação.

O espírito Ramatis pode ser apontado como espírito mais citado pelos propagadores do neopaganismo no meio espírita. Defensor daquilo que chama de "universalismo crístico", o espírito Ramatis tem se utilizado de médiuns ideologicamente adeptos de concepções neopagãs que, bem intencionados ou não, se servem do Espiritismo e do movimento espírita para divulgarem suas ideias. Entre eles, podemos citar o médium Roger Bottini, que escreve obras romanceadas que versam sobre temáticas no mínimo exóticas, tais como: era de Peixes, civilização atlante, fim dos tempos, etc. Ao mesmo tempo, o médium diz receber revelações sobre personagens famosas da antiguidade, como faraós egípcios, legisladores hebreus do porte de Moisés, assim como outros em que não encontramos registros, já que teriam vivido na Atlântida, Lemúria ou alguma civilização lendária qualquer. Tudo isso entremeado por relatos de existência de dragões, magos negros, energias desconhecidas, seres interplanetários, e tudo que possa atiçar a imaginação do leitor. Como de costume, a fim de angariar confiança, o citado autor chega a declarar que foi filho de Allan Kardec em uma encarnação passada, como se tal informação, pura e simples, sem qualquer indício e confirmação, pudesse lhe conferir alguma autoridade extra. Confira o que afirma o citado "médium" em seu sítio na internet:

"Além de ter vivido na personalidade de Akhenaton, Allan Kardec foi, também, Atônis, o sacerdote do sol na Atlântida, e Andrey era seu filho. Logo, por mais incrível que isso possa parecer, Allan Kardec foi meu pai na extinta Atlântida e um inesquecível amigo no antigo Egito, durante seu reinado como o faraó filho do Sol."

E para dar peso à sua ousada afirmação, trata de creditar tais informações ao auxílio de um espírito, já que, para muitos desavisados, basta ser espírito para possuir toda a sabedoria e conhecimento universais:

"Logo, sei o que estou dizendo. Essas informações são obtidas através de um processo de regressão de memória conduzido por Hermes, que é o mentor espiritual de todos os nossos livros."

Em outro trecho do mesmo sítio, o sr. Bottini ainda "revela":

" (...)Como eu era o próprio Natanael, e vivi próximo a Moisés desde os tempos da Atlântida, quando ele viveu como Atlas, posso ter "defendido" de forma exagerada as suas atitudes nos eventos da libertação do povo judeu da escravidão no Egito."

O mais estarrecedor e surpreendente de tudo isso é que tais teorias são apresentadas como oriundas da evolução do pensamento espírita, embora colidam frontalmente com os métodos e objetivos da Doutrina e não tenham recebebido, nem de perto, a confirmação proveniente do controle universal
.
Frente a tudo isso, a advertência de Erasto, constante em "O Livro dos Médiuns", cresce em importância, já que, em matéria de Espiritismo, o benfeitor espiritual afirma que "é preferível rejeitar dez verdades a aceitar uma única mentira". Tal assertiva denota prudência e critério para a avaliação de qualquer conteúdo, mais notadamente os de origem mediúnica.

Como já tratamos em outras oportunidades, a fascinação de origem mediúnica é um problema recorrente, e decorre das próprias dificuldades do médium, tornando-o presa fácil de pseudossábios e mistificadores da erraticidade. Listemos algumas delas:

1) vaidade (desejo imoderado de atrair admiração dos homens);
2) orgulho (conceito elevado ou exagerado de si próprio);
3) narcisismo (amor excessivo a si mesmo);
4) egoísmo (exclusivismo que faz o indivíduo referir tudo a si próprio);
5) presunção (ato ou efeito de presumir; de vangloriar-se; de formar de si grande opinião);
6) arrogância (tomar como seu; atribuir a si);
7) ambição (desejo veemente de fortuna, de glória, de honrarias, de poder; cobiça.)

No que tange especificamente ao item 7, pudemos recentemente verificar que há médiuns (ou pseudomédiuns) inclusive organizando excursões pagas ao Egito e outros locais tidos como "especiais" e "místicos" com o fito de alcançarem vantagens pecuniárias, o que é certamente algo lamentável, sob todos os pontos-de-vista. O Espiritismo nada tem a ver com eles, que se valem da condição de médiuns para adquirirem fama, dinheiro e poder.

Provando o que declaramos                        
Retirado do site do citado médium                                 


Egito Fantástico com Roger Bottini

Prepare seu passaporte e acompanhe Roger Bottini Paranhos por uma fascinante viagem pelo Egito. Aproveite essa experiência única em visitações históricas e vivências espirituais com roteiro específico baseado no livro Akhenaton. De 01 a 11 de julho de 2011.

A companhia de viagens Linktours, devido a significativa procura por viagens ao Egito de leitores dos livros “Akhenaton – A revolução espiritual do Antigo Egito” e “Moisés – O libertador de Israel” propôs ao autor uma viagem temática, com roteiro definido por ele, e em sua companhia. Roger acompanhará a todos, em todos os passeios.

Os interessados devem enviar e-mail para rogerbottini.uc@gmail.com solicitando o roteiro completo (arquivo PDF com informações sobre datas, locais de visitação, hotéis, cruzeiro pelo Nilo, translado aéreo para Karnak, agendas, passeios, valores, etc) e formulário a ser preenchido para que a Linktour entre em contato para maiores informações e efetivação do pacote, caso atenda as suas expectativas.

Roger Bottini Paranhos espera você para 11 dias de muita cultura e poderosas vibrações espirituais, revivendo em nossas memórias a rica cultura dos egípcios da era de ouro, descendentes diretos dos atlantes.

Nesse passeio está incluído, também, viagem a Tell-el-Amarna, local onde Akhenaton fundou a sua cidade celestial, que foi palco de uma das mais importantes revoluções conscienciais do mundo antigo, conforme narrado no livro "Akhenaton - A revolução espiritual do antigo Egito".

Aguardamos seu contato!

Médium “espírita universalista”? Tá bom, me parece mais um dos médiun$ que viram na credulidade do povo, em geral e de alguns espíritas que, infelizmente, não leram a codificação e cairam nas armadilhas do misticismo, uma forma de obterem fama e principalmente dinheiro. Quer escrever livros? Ótimo, mas escreva dizendo que é ficção, tipo “Harry Potter” ou “Senhor dos Anéis”, mas não tente enganar o povo ávido por ilusões místicas falando sobre dragões, magos negros ou atlantes e lemurianos como se existissem ou tivessem existido, entre outros.

Outra médium, se é que é médium, famosa pelas sandices que diz na televisão é a Márcia Fernandes, que também passa uma imagem totalmente errada acerca do que é o espiritismo, principalmente para aqueles que não conhecem a doutrina.  Ela afirma ser vidente e espírita, só que é uma espírita que recomenda arruda,  analisa as pessoas que a procuram por carta tão somente pela data de nascimento dizendo qual a planta (???) ou a profissão a seguir, apenas pela data de nascimento da pessoa. Além disso, a médium “parabéns pra voce”  também é capaz de “ver” e dizer qual a sua missão na Terra. Resumindo, a vidente é capaz de responder qualquer pergunta de qualquer telespectador que escrever para ela na RedeTV. Quer ver? Vou copiar do site da emissora, só omitindo o nome da telespectadora:


Márcia Fernandes responde as perguntas dos internautas.

Se você está interessado tirar suas dúvidas com a sensitiva, participe do chat, não esquecendo de mandar junto da pergunta o nome de batismo, data de nascimento e signo. Caso sua pergunta seja sobre imóveis, mande também o endereço.

Exemplo: Daniela da Silva, nascida em 12/10/1980. Vou conseguir engravidar este ano?

*Devido ao grande número de perguntas enviadas, nem todas serão respondidas. *Agenda sujeita a alteração.

**ATENÇÃO: INFORMAMOS AOS INTERNAUTAS, QUE AO TÉRMINO DO CHAT, O BATE-PAPO COM AS PERGUNTAS E RESPOSTAS FICAM FIXAS EM NOSSO SITE.
chat_moderator: Olá internautas, aqui é a Patrícia moderadora do chat, a sensitiva Márcia Fernades já está por aqui, envie suas perguntas. Ótimo chat a todos!

chat_moderator: Lembrando que após o chat, as perguntas e respostas ficam fixas em nosso site. Obrigado pela atenção!


xxxx: Bom dia, Márcia! Admiro muito o seu trabalho, gostaria de saber sobre minha vida financeira o que 2011 me reserva, será que vai melhorar? xxxx 14/07/1980, câncer. Beijos.
Márcia Fernandes: O ano de 2011 te reserva muito dinheiro e mudanças a partir de abril. Ancorar sua santinha protetora Nossa Senhora Aparecida..

yyyy: Marcia, bom dia!! Te adoro e lhe acompanho sempre! Estou preocupada com certas amizades do filho bbbb (25/10/1992) ele anda um pouco rebelde. Eu fui desligada da empresa em 22/12/2010, vou conseguir trabalho em breve, estou enviando vários currículos. yyyy (07/09/1972). Obrigada.
Márcia Fernandes: Realmente você tem que se preocupar porque ele tem mediunidade. Portanto, vive carregado. Fazer o ritual azul..

zzzz: Olá Márcia, me chamo zzzz, nascimento 01/04/1988 estou muito aflita será que vou passar no curso de farmácia fiz o vestibular e o resultado sair dia 31 deste mês, meu signo é de áries.
Márcia Fernandes: Você me desculpe mas vejo dificuldade. Orar o salmo 119. Fazer o livramento. 
chat_moderator: Lembrando que após o chat, as perguntas e respostas ficam fixas em nosso site. Obrigado pela atenção!

aaaa: Boa tarde, meu nome é aaaa, sou de 06/09/85, não consigo acordar cedo, estou desanimada, minha casa está uma bagunça, a parede do meu quarto de vermelho, ela está branca.Márcia Fernandes: Que bom que está branca. Você não pode ficar perto nem de vermelho nem de marrom. Você precisa cursar o Reiki para poder controlar sua mediunidade..

cccc: cccc 28/10/92 e dddd 24/06/82 quero saber ser nosso relacionamento tem futuro após uma traição?
Márcia Fernandes: Graças a Deus há futuro sim. Fazer a hora da misericórdia.

1)      Ancorar sua santinha protetora Nossa Senhora Aparecida?
·         Ancorar por que? Estava boiando? E Nossa Sra. Aparecida é crença dos católicos.
2)      Fazer ritual azul por que vive carregada?
·         Ritual azul? É cromoterapia ou é Umbanda (vive carregada)? Mas, espiritismo não é.
3)      Fazer o livramento?
·         Isso (livramento) é termo neopentecostal e não espírita.
4)      Cursar o reiki pra controlar mediunidade?
·         Reiki e mediunidade são de doutrinas diferentes e não me consta que a mediunidade se controle com reiki.
5)      Fazer a hora da misericórdia?
·         Hora da misericórdia? Misericordia digo eu, depois de ler essa salada de credos.

Com todo respeito que merecem as religiões, nada do que a “vidente” recomenda é do espiritismo,

Além do mais que espírita vidente é essa que precisa do nome e data de nascimento com o signo ainda por cima? Afinal ela vê ou não vê?

Marcia Fernandes também se meteu em polemicas memoráveis, como a vez em que orientou os telespectadores para terem “cuidado” com o gato preto e se tivessem o animal que se desfizessem dele.

Bastou isso para que ativistas da dos direitos dos animais fizeram uma manifestação com faixa, cartazes e apitaço na manhã de sábado, 31 de março de 2007, em Campinas, diante do Hotel Nacional Inn quando naquele local se iniciava uma palestra da "sensitiva" Márcia Fernandes. 

O motivo da manifestação foi protestar contra a atitude preconceituosa da "sensitiva" Márcia Fernandes que no programa "Pra Valer" de 28/2/2007 da Televisão Bandeirantes orientou os telespectadores para terem "cuidado" com o gato preto, e se tiverem o animal, se desfazerem dele. O programa era apresentado por Claudete Troiano.

 Com o comentário preconceituoso da teórica mística é possível que seus seguidores não só abandonassem gatos pretos, como os atacassem. Além da incitação à violência, a "sensitiva" Márcia Fernandes poderia provocar maiores problemas na saúde pública, à medida que seu "conselho" infeliz pode aumentar o número de gatos abandonados. Os ativistas exigiram uma retração no programa "Pra Valer" da Tv Bandeirantes. 
Incentivar a violência aos animais é crime ambiental (Lei de Crimes Ambientais). 

Os gatos pretos são vítimas, históricas de preconceito desde a idade média, tempo da bruxaria, das fogueiras, de queimar gente por qualquer motivo. 

Os ativistas prometem fazer manifestações semelhantes à esta em todos os lugares em que a "sensitiva" der palestras

A tal vidente age de maneira irresponsável, pois parece gostar de aparecer, visto que certa vez, teve a capacidade de ficar dizendo como estava o espírito de Eliza Samudio na época em que ela foi morta. Só não foi capaz de ajudar a policia a desvendar o crime. Puro sensacionalismo.

E a emissora Rede TV se especializou nisso, pois agora um programa vespertino chamado A TARDE É SUA, as vezes convida a vidente Marcia Fernandes para dizer como estão os espíritos de jovens assassinados tais como Bianca Consoli. Novamente puro sensacionalismo e as pessoas, como vimos, acreditam.

E como prova de que acreditam nos charlatões temos que pouco antes de Cibele Dorsa se atirar da janela de seu apartamento, ela foi entrevistada, no programa Manhã Maior, no quadro de espiritualidade com Márcia Fernandes que disse que: podia ver nos bastidores e ao seu lado, o seu noivo o Gilberto Escarpa com uma roupinha azul bebê tipo a de hospital, se recuperando, e então ela pode perceber que através das inúmeras orações dos seus fãs ele poderia sair do Vale dos Suicidas.. Assim "scapoft"! como se num passe de mágicas ele pudesse pular as etapas da vida e se sair muito bem rapidamente, caso tal Vale dos Suicidas existisse! Márcia Fernandes abriu a boca para falar um absurdo desses, mas lembro-me bem da emoção e da expressão de esperança que se salientou no rosto da conturbada e problemática Cibele, que aliás tinha como crença o espiritismo!

E ela cobra pelas consultas saladisticas que dá. E ela é católica, não que não possa haver médiuns católicos, há, até por que a mediunidade não é exclusividade dos espíritas e não existe desde hoje, mas que ela como católica não faça essa salada mística inclusive com o nome de Kardec, o qual cita tantas vezes para dar peso às baboseiras que ela diz.

A melhor garantia contra as fraudes é a moralidade, o estudo e o desinteresse de qualquer coisa material por parte do médium. Quanto lhes custariam, caso tivessem o dom da mediunidade? Nada? Pois bem, cabe então aquele mandamento "dai de graça, o que de graça recebeste".